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quarta-feira, 10 de março de 2010

Homens e mulheres, leiam esses quatro pequenos textos relativos 
"À Dignidade da Mulher".
São textos sequenciais. São maravilhosos! Os professores e alunos poderão usá-los em suas aulas e trabalhos escolares...

1º TEXTO:

A MULHER NOS TEMPOS PRIMITIVOS
 
O texto bíblico quando fala na criação do ser humano coloca o homem e a mulher no mesmo plano: “Deus criou o homem e a mulher à sua imagem; Ele os criou homem e mulher (Gn 1,27). Igual ao homem: “Ossos dos meus ossos, carne de minha carne” (Gn 2,23).
Atribuir-se-à talvez ao texto de Gn 3,16 o que virá depois de negativo sobre a mulher, através dos séculos. Aí é repreendido o comportamento da mulher e repreendida a atitude do homem por causa da mulher.
É diverso e complexo o tratamento dado à mulher, através dos tempos, em todos os povos: ora positivo, exaltando a mulher e sua vocação e atitudes; ora negativo, colocando a mulher em grande desprestígio, inferiorizando-a ao homem. Assim também entre os hebreus-judeus. Encontramos palavras e referências lindas e grandiosas sobre a mulher. No Antigo Testamento, basta lembrar as figuras exaltadas por sua inteligência e heróica atuação na família e no próprio povo, tais como: Raab (Js2), Abgail (1 Sl 25,14), Sara, Agar, Rebeca, Raquel, Lia, Dalila, Atália, Débora, Ruth, Judith, Esther e tantas outras. Os livros sapienciais, ao lado de inúmeras restrições, tecem louvores admiráveis às mulheres, quando diz, em resumo, que o homem que encontra uma esposa virtuosa encontra o maior tesouro na vida.
Mas ao lado das referências e tratamento positivos às mulheres, há, infelizmente, dados negativos da cultura, quanto ao mundo feminino. E isso em todos os povos e religiões. A mulher é tratada como sendo de segunda categoria; é tratada como coisa e propriedade do homem.
Essa degeneração e degradação no tratamento da mulher não escapou aos próprios judeus que se consideravam o “povo escolhido de Deus”...
Jesus de Nazaré encontrou essa mentalidade machista e negativa quanto à mulher. O judeu, com sua obsessão da lei da Pureza, firmou tradições negativas: absorveu mais as referências negativas do Antigo Testamento com relação à mulher; isso, provavelmente, baseando-se na narrativa do Gênesis quando, com linguagem simbólica, descreve a realidade do pecado, acentuando a atuação bíblica da mulher (Eva) junto ao homem (Adão).No Antigo testamento há, realmente, passagens estranhas com referência à mulher. Desculpem-me minhas queridas irmãs se, aqui e acolá, vou colher alguns tópicos negativos do Antigo Testamento antes de, em seguida, colocarmos a mulher no honroso lugar que lhe compete e no qual o próprio Jesus Cristo a colocou. Pois, o realce e o brilho do lado positivo das coisas tornam-se mais evidente quando confrontado com o negativo, não é?


2º TEXTO:
 "A mulher nos tempos de Jesus". 
 
Dizíamos que ao lado de tantas referências positivas e admiráveis a respeito da mulher, o Antigo Testamento tem expressões negativas fortes, próprias do tempo.Já dissemos que os judeus, nos tempos que precederam e acompanharam a presença de Jesus, tinham criado uma cultura de tradições e leis negativas quanto à mulher. Parece que só viam a mulher com óculos escuros!
Assim, leram os judeus em Pr 11,22: "Um anel de ouro no focinho de um porco é a mulher formosa, mas sem virtude e bom senso".

Ecl 19,2 manda "tomar cuidado com o vinho e as mulheres". Em vários trechos do livro dos provérbios descobriram a monotonia e a chatice de uma mulher queixosa e choramingona.

Isaías e Amós (4,1;3,16) condenam a frivolidade e as extravagâncias das mulheres de Samaria e Jerusalém.
E as coisas foram pioradas pelos rabinos, doutores e escribas dos judeus. A mulher era catologada como um bem patrimonial do marido, do qual ele podia dispor quando quisesse. Podiam parodiar Nietsche, que blasfemou:"A mulher foi o segundo erro de Deus". Ou Eurípedes, que dizia: " A mulher é o pior dos males". E Aulo Gelio: "Um mal necessário"...
E por aí afora!

Até os 14 anos de idade a judia era propriedade do pai;depois,propriedade do marido.
Mulher não podia falar em público com um homem; não podia falar com um rabino nem assistir a uma aula ou fazer um curso. Mulher não podia sevir de testemunha. Quando nascia um homem, era alegria; quando vinha uma mulher, havia lamúria.Quando a mulher dava à luz um homem, o tempo legal da purificação era de 40 dias; quando dava à luz
uma mulher, o tempo de purificação legal dobrava: 80 dias. O Rabi Eliezer chegava a dizer: "Seria preferível queimar toda a Lei do que entregá-la nas mãos de uma mulher". O judeu machista desse tempo agradecia a Deus três vezes ao dia o não ter nascido mulher.

A mulher adúltera era terrivelmente castigada; ao homem adúltero nada acontecia. Nos dias da menstruação, quem tocasse na mulher (mesmo para cumprimentá-la) ficava "impuro". Até o peso do cérebro inferiorizava a mulher: o delas, com 1.200 gramas, e, o do homem com 1.320 gramas. Entre os judeus, propriamente quem "casava" era o homem, não a mulher: esta era "dada em casamento".

O direito de separação (divórcio) só competia ao homem. Em geral a mulher não tomava refeições à mesa com um homem.
Ao lado de tanta coisa bonita e positiva na Bíblia sobre a mulher, havia toda essa incompreensível mentalidade tacanha, criada por rabinos,escribas,fariseus, com suas leis e tradições.
E como Jesus de Nazaré reagiu a tudo isso? Reagiu fortemente com palavras e atitudes.

3º TEXTO:
 " Jesus e a mulher ". 

Estamos continuando com a reflexão sobre a mulher no tempo de Jesus. Uma boa leitura para todos.
A maior blasfêmia que um judeu poderia catalogar e a idéia mais inconcebível para ele era a de um Deus-Homem: Deus em forma humana.

Adoravam a Deus como espírito puríssimo, Jaweh: o Deus transcendente, invisível, indizível, do qual não se podia nem desenhar a idéia nem a figura, do qual nem o nome se pronunciava. Jaweh constituía um abismo de distância com qualquer criatura. Portanto, a maior blasfêmia, a coisa mais inconcebível que havia para os judeus era a idéia de Deus fazer-se Homem. Será essa a “blasfêmia” que levará Jesus à Cruz: o ter-se anunciado como Filho de Deus, nascido de mulher!

Para os judeus, portanto, Deus nunca poderia ter tido a idéia de se apresentar em figura humana. Nem um anjo aceitaria como Deus.
E o que fez o Verbo, o Filho de Deus, o que fez Deus? Encarnou-se, quis tornar-se Homem, quis nascer de uma mulher. E aqui está a primeira mensagem e atitude de Jesus de Nazaré a respeito da MULHER: quis ter uma mãe, quis a mulher em sua vida. Myriam-Maria, a Virgem judia...

Trinta anos viveu com a mãe e com o pai adotivo, José. Quando começou, na vida pública, a dar a entender que Ele era o Filho de Deus, aí começou a briga que o levaria à Cruz. E, entre os marginalizados, os “anawin”, Jesus começou a dignificar a mulher, contra todas as tradições machistas dos judeus. Aí foi outro “Deus nos acuda!” A cada passo, no Evangelho, constatamos isso.

Jesus valorizava a mulher, fazendo-a presente na evangelização:
as parábolas do fermento (Mt 13,13,
da dracma perdida (Lc 15,8),
das virgens prudentes (Mt 25,1).

Jesus faz milagres em favor das mulheres:
a sogra de Pedro (Mt 8,14),
a filha de Jairo e a hemorroíssa (Mt 9,18-26; Mc 5,21-43; Lc 8, 40-56);
a mulher encurvada (Lc 13,10-17);
a mulher cananeia, cuja humildade e fé foram tão elogiadas – e era pagã – Mt 15, 21-28).
Conhecemos a defesa da adúltera e a delicadeza com que a tratou (Jo 8,1-11), livrando-a do apedrejamento.

Um judeu não se aproximava de uma mulher, muito menos de uma mulher doente para saúdá-la: Jesus toma a sogra de Pedro pela mão, levanta-a. Faz o mesmo com a filha de Jairo. Durante anos e anos uma mulher sofria do escorrimento de sangue. Em tais casos a mulher era considerada “impura”, máxime nos dias de menstruação. Imaginemos o sofrimento dessa pobre mulher, da qual todos fugiam para não se “manchar”: com que bondade Jesus a atende e a cura.

Jesus observa como dezenas de pessoas entram no Templo e depositam suas esmolas: chama a atenção dos discípulos para uma pobre mulher do povo que, com sua moedinha, colocara mais que todos os outros!...
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4º TEXTO:
 " Ainda Jesus e a mulher ".

Jesus de Nazaré deixa lições claras, maravilhosas e surpreendentes em favor da dignidade da mulher: condena o machismo e a injustiça dos judeus do seu tempo, quanto ao tratamento dispensado à mulher.
Em 42 versículos do capítulo 4 do apóstolo João, está descrito o encontro da mulher samaritana com Jesus à beira do poço de Jacó, em Sicar, na Samaria. Conversar em público com uma mulher, a sós, e ainda mais com uma samaritana! Os próprios Apóstolos estranharam. Jesus se revela à samaritana como a fonte da vida nova da Graça e faz da samaritana, convertida, (levava uma “vidinha”) a missionária da Graça, do Plano de Deus: ela traz toda a cidade para Jesus e leva os concidadãos a crerem em Jesus.

Outra cena forte, questionadora para os judeus e para nós, é descrita em Lc 7,36-50: a pecadora pública na casa do fariseu Simeão, que enfrenta a “soçaite” do tempo, vai aos pés de Jesus, e, chorando, lava-lhe os pés, enxuga-os com seus cabelos... Simeão pensa mal da mulher, envergonhado com a presença dela ali... Jesus o adverte do seu farisaísmo; declara o perdão de todos os pecados daquela meretriz, que se converte e ressuscita para a vida da Graça e, quem sabe, talvez seja ela a que esteve aos pés da Cruz...

Na casa do amigo Lázaro (Jo 12, 1-11)Jesus costumava estar vez por outra. Desta vez foi após a ressurreição de Lázaro. Enquanto Marta, uma das irmãs de Lázaro, azafamava-se em preparar a refeição, Maria, a outra irmã, estava aos pés de Jesus, ouvindo-o. Os judeus coetâneos nem podiam imaginar tal cena: uma mulher, sentada aos pés daquele Homem, conversando descontraidamente com Ele... Jesus lembra a Marta, com outras palavras, a admoestação que fizera a alguém uns três anos atrás: “não só de pão vive o homem, Marta, Marta...” Maria fez boa escolha: ouvir a Palavra...

Lc 8,1-3 deixa claro que, enquanto Jesus passava por cidades e aldeias anunciando a Boa Nova, junto com os Apóstolos, havia um grupo de mulheres “apóstolas” que O seguiam, ajudando, ao menos indiretamente, no ministério, prestando assistência com seus bens. E até nomeia algumas dessas seguidoras de Jesus de Nazaré: Madalena, a convertida; Joana, Suzana “e muitas outras”.

No último Sínodo para os leigos, em 1987, quando se discutia sobre a mulher na evangelização, um bispo fez uma advertência muito oportuna aos seus colegas episcopais:
“Proponho que nós, bispos, tratemos a mulher ao menos como Jesus a tratou no Evangelho!”
Esses quatro textos estão no livro:  "O Jeito de Jesus de Nazaré"
José Ribolla, Sacerdote Redentorista
Editora Santuário

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