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domingo, 17 de julho de 2011

17º Domingo do Tempo Comum



16ª Semana do Tempo Comum - 4ª Semana do Saltério
Prefácio próprio - Ofício do dia – Cor: Verde
Ano Litúrgico “A” – São Mateus

Primeira Leitura: Livro da Sabedoria 12,13.16-19
Salmo: 85,5-6.9-10.15-16a (R. 5a)
Segunda Leitura: Carta de São Paulo aos Romanos 8,26-27
Evangelho segundo Mateus 13,24-43
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Primeira Leitura: Livro da Sabedoria 12,13.16-19
Concedeis o perdão aos pecadores
Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas e a quem devas mostrar que teu julgamento não foi injusto. A tua força é o princípio da tua justiça, e o teu domínio sobre todos te faz para com todos indulgente. Mostras a tua força a quem não crê na perfeição do teu poder; e, nos que te conhecem, castigas o seu atrevimento.

No entanto, dominando tua própria força, julgas com clemência e nos governas com grande consideração; pois, quando quiseres, está ao teu alcance fazer uso do teu poder. Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores. - Palavra do Senhor.

Comentando a Liturgia: As palavras de sabedoria da primeira leitura de hoje são permeadas de esperança para o povo judeu, que vivia em meio à cultura e dominação gregas, sobretudo na cidade de Alexandria, onde esse livro foi composto, entre os anos 50 e 60 antes da Era Comum (a.C.). O judaísmo era desafiado pelos valores gregos do ser.

Os judeus se perguntavam: como se adaptar à nova realidade sem perder a fé no Deus dos pais e da libertação do Egito? A resposta era simples: testemunhar que o Deus de Israel era diferente. E foi isso que o piedoso judeu e autor do livro da Sabedoria quis mostrar, diferentemente de outros judeus, seus antecessores, que apresentavam Deus forte, violento para com os inimigos.

Deus, no livro da Sabedoria, é o cuidador de todos (v. 13), que julga com justiça (v. 13), perdoa e governa com indulgência (v. 18). Por ser assim, Deus não deixa de ser menos poderoso que os deuses dos pagãos. E, mais do que isso, o ser humano é convocado a ser como Deus, misericordioso. Deus é humano no seu proceder. E ao ser humano, aprendendo de Deus, resta também governar e agir com justiça, misericórdia e solidariedade. Eis o nosso grande desafio: aprender da pedagogia de Deus.

Salmo: 85,5-6.9-10.15-16a (R. 5a)
Ao Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel
Ao Senhor, vós sois bom e clemente,
sois perdão para quem vos invoca.
Escutai, ó Senhor, minha prece,
o lamento da minha oração!

As nações que criastes virão
adorar e louvar vosso nome.
Sois tão grande e fazeis maravilhas:
vós somente sois Deus e Senhor!

Vós, porém, sois clemente e fiel,
sois amor, paciência e perdão.
Tende pena e olhai para mim!
Confirmai com vigor vosso servo.

Segunda Leitura: Carta de São Paulo aos Romanos 
8,26-27
O Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis
Irmãos: O Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos. - Palavra do Senhor.

Comentando a Liturgia: A reflexão feita por Paulo, nessa carta dirigida aos cristãos de Roma, aponta-nos a oração como caminho de construção do reino de Deus. Se não sabemos rezar, é o próprio Espírito que intercede, que reza por nós. Ele suplica a Deus em favor dos que lutam por justiça e paz, assim como vimos nas parábolas do evangelho de hoje.

A oração é fonte de vida para o cristão. Jesus foi um homem de oração. Deus Pai e Deus Espírito se entendem e se encontram em nós, quando rezamos e lutamos na construção do reino de Deus

Evangelho segundo Mateus 13,24-43
Deixai crescer um e outro até a colheita
Naquele tempo: Jesus contou outra parábola à multidão: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’

O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ O dono respondeu: ‘Não! Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e amarrai-o em feixes para ser queimado. Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro!”

Jesus contou-lhes outra parábola: “O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos”.

Jesus contou-lhes ainda outra parábola: “O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”.

Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo”.

Então Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Explica-nos a parábola do joio!”

Jesus respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifeiros são os anjos. Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará seus anjos, e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; e depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça”. - Palavra da Salvação.

Comentando o Evangelho: Dando continuidade ao discurso de Jesus em forma de parábolas com a devida explicação alegórica, encontramo-nos diante de três modos de Jesus definir o sentido do reino de Deus, que nos questionam: o reino é semelhante ao trigo ou ao joio? Ao fermento ou à mulher? À semente de mostarda ou ao pé de mostarda? Vejamos uma por uma. Ah! Outro detalhe importante: se a primeira leitura falou do proceder de Deus rei, agora faz sentido falar do reino.

a) O reino é apocalíptico e como o trigo. A comparação parece simples. O trigo é semeado. Vem alguém e semeia o joio. O que fazer? Arrancá-lo para não sufocar o trigo? Não. Basta esperar o crescimento de ambos até que o tempo da colheita chegue, quando o joio será queimado e o trigo recolhido em celeiros (v. 24-30). Essa é a única parábola explicada de forma apocalíptica por Jesus. Trata-se do fim dos tempos: aqueles que praticam a injustiça serão queimados na fornalha ardente e os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai. A menção de diabo – o inimigo que semeou o joio – e do Filho do homem – aquele que semeia a boa semente no campo (mundo) – evoca a urgência apocalíptica da realização dos ensinamentos de Jesus pela comunidade de Mateus. Somos herdeiros desta que se tornou a tradicional interpretação da parábola: o joio foi identificado como elemento ruim que impede o reino de crescer e por isso, no fim dos tempos, será arrancado e queimado. Em outras palavras: o mal deve crescer junto com o bem, o reino, representado pelo trigo.

b) O reino de Deus tem a ver com o cultivo. A comunidade de Mateus releu a parábola no contexto escatológico. E o fez muito bem! No entanto, considerando o contexto agrário e de confronto com o império romano, no qual essa parábola foi criada, podemos definir o reino de Deus de três modos. A erva daninha, chamada de joio, é uma graminha que cresce anualmente e é muito comum nos países do Mediterrâneo oriental. É uma erva venenosa, seus grãos possuem toxina. O gado que a come morre. O joio não cresce em terrenos a mais de 550 metros de altitude. Nos anos chuvosos, ele cresce mais que o trigo. A experiência campesina aprendeu, desde cedo, que colher o joio junto com o trigo é desaconselhável, pois ele contaminará o trigo. Daí o conselho que aparece no final de ambos os textos. Mas, então, como definir de três modos o reino de Deus nessa parábola? Ele pode ser comparado ao joio, ao fazendeiro próspero ou ao agricultor sem-terra. O reino é como o joio, essa erva daninha que cresce em qualquer lugar, sem pedir licença. O reino é assim, chega e se espraia, independentemente da vontade das pessoas, seja ele um rico fazendeiro, seja ele um pobre sem-terra. Ninguém pode impedi-lo. Assim aconteceu, mais tarde, com o império romano: ele teve de aceitar o cristianismo como religião. O reino é como um fazendeiro próspero que possui uma rica plantação de trigo e não pode impedir que cresça o joio (reino de Deus) jogado na sua plantação pelo inimigo. Por fim, o reino é como o agricultor que não tem terra, que não pode se livrar do grande fazendeiro que tirou as suas terras. O reino está dentro de cada um de nós. Mesmo sendo arrancado e queimado, ele cresce em outro lugar (cf. Faria, 2003, p. 117-119).

c) O reino é como a semente de mostarda, uma árvore ou pé de mostarda. A outra parábola do evangelho de hoje encontra-se também em Mc 4,30-32 e Lc 13,18-19. Vale a pena ler as narrativas, comparando-as para perceber as mudanças recebidas ao longo da transmissão: de terra para campo e horta, de ramo para árvores etc. Considere que a linha histórica é: Tomé (anos 50), Marcos, Mateus e Lucas (entre os anos 60, 70 e 80, respectivamente). Estamos diante de uma parábola que, ao ser transmitida, recebeu algumas modificações. Analisemos essa passagem à luz das seguintes questões: qual seria a intenção de Jesus ao contar essa parábola? Onde está o centro da parábola? Interpretações tradicionais insistem em mostrar o reino como uma semente pequena que cresce e fica grande. Vejamos três modos possíveis de ler a parábola da semente de mostarda com base em seu centro. Centro da parábola: semente. Compreendido desse modo, o enfoque desse texto está na passagem do pequeno para o grande. A pequena semente de mostarda é o novo Israel, isto é, os seguidores de Jesus, que se tornarão “grandes árvores”. Tomé, Marcos e Mateus, com exceção de Lucas, falam de algo menor que se torna grande. Não acreditamos ser essa a melhor interpretação. Não obstante, há que considerar que cada seguidor do reino é chamado a lavrar constantemente o seu interior para deixar a semente do reino crescer e produzir abundantes frutos. O centro da parábola é a árvore apocalíptica. Nesse sentido, o pequeno Israel tornar-se-ia uma grande árvore apocalíptica. Textos do Primeiro Testamento falam do cedro do Líbano como árvore apocalíptica (Sl 104,12; Ez 31,3.6; Dn 4,10-12). E é nessa grande árvore que os pássaros fazem os seus ninhos. Acreditamos que, se Jesus, de fato, quisesse referir-se a uma árvore apocalíptica, teria mencionado o cedro e não a mostarda. Não, esse não pode ser o centro da parábola. Centro da parábola: pé de mostarda. A mostarda é uma planta medicinal e culinária que chega a medir no máximo 1 metro e meio de altura. Ela se desenvolve melhor ao ser transplantada. Depois de plantada, torna-se uma erva daninha. Temos dois tipos de mostarda, a selvagem e a culinária. Por ser uma planta impura, o código deuteronômico (Dt 22,9) proíbe a sua plantação. O centro da parábola está, portanto, no pé de mostarda, seja ele doméstico ou selvagem. Assim é o reino de Deus, ele chega e se esparrama. Não pode ser controlado, torna-se abundante como a nossa tiririca. Atrai pássaros, inimigos de qualquer agricultor. O reino, depois de semeado, perde o controle, toma conta do terreno todo. Assim como o reino, a mostarda é motivo de escândalo para muitos. O reino é indesejável e violador das regras de santidade. Essas interpretações nos ajudam a compreender o valor do reino (Crossan, 1994, p. 313-318).

d) O reino é semelhante à mulher que usa o fermento. O simples fato de a parábola comparar o reino à mulher que usa o fermento é significativo. A interpretação tradicional dessa passagem considerou o fermento como ponto crucial na sua compreensão. Ousamos perguntar se, de fato, nisso estaria o centro desse texto. Comecemos por compreender as simbologias utilizadas. Mulher: representa a fertilidade e a impureza religiosa. Suas regras deviam ser controladas pelos sacerdotes. Dessa forma, o sagrado estaria também sob controle. Por outro lado, mulher e a Torá (lei, caminho, conduta) eram os bens preciosos dos judeus. Sem elas, a vida não se multiplicaria. Fermento: símbolo também da impureza e da corrupção moral. O fermento era feito com base na putrefação da batata, escondida por vários dias em um lugar escuro. O fermento cheirava mal e era detestado por judeus piedosos e escrupulosos. O medo de tocar em coisas impuras e tornar-se uma delas levava os judeus a estabelecer regras de contato com coisas e pessoas impuras. O código da santidade (Lv 17-26) é exemplo claro desse modo de pensar judaico. Sede santos como eu sou santo (Lv 19,2) passou a ser símbolo de pureza moral. Três medidas: o fato de o fermento ser colocado em três medidas de farinha pode não significar nada em absoluto, pois uma mulher não necessitaria fazer 40 quilos de pão. Essa quantidade demonstra a abundância do reino e o três relembra o Shemá Israel (Escuta, ó Israel), profissão de fé israelita baseada no amor vivido com o coração, o ser e as posses (Dt 6,4-9). Em vários textos bíblicos do Segundo Testamento encontramos alusão ao Shemá (Faria, 2001). Considerando a simbologia e as diferenças nos textos, suspeitamos que o centro da parábola de Tomé não está no fermento, mas no processo de sua fabricação. Ele é feito pela mulher, no escuro, é impuro e cheira mal. Assim também era considerada a mulher. Aceitar o reino é ir contra o que está ocorrendo de errado na sociedade, é não aceitar o erro tido como coisa normal. O reino ataca a estrutura má da sociedade. E, por mais insignificante que seja, ele contagia, produz “grandes pães” (cf. Faria, 2003, p. 113-116).

Como vimos acima, a definição do reino é ampla e muito nos tem a ensinar. Todas elas têm o seu mérito.


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Antífona: Salmo 53,6.8 - É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças ao vosso nome, porque sois bom.

Oração do Dia: Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Intenções para o mês de JULHO:

Geral: Para que os cristãos contribuam a aliviar, especialmente nos países mais pobres, o sofrimento material e espiritual dos doentes de AIDS.

Missionária: Para as religiosas que atuam em terras de missão, a fim de que sejam testemunhas da alegria do Evangelho e sinal vivo do amor de Cristo.

Cor Litúrgica: VERDE - Simboliza a esperança que todo cristão deve professar. Usada nas missas do Tempo Comum.

Tempo Comum: O Tempo Comum começa no dia seguinte à Celebração da Festa do Batismo do Senhor e se estende até a terça-feira antes da Quaresma. Recomeça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das Primeiras Vésperas do 1º Domingo do Advento – NALC 44.

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Fonte: CNBB – Missal – Mundo Católico
Comentários: Frei Jacir de Freitas Faria, ofm, Vida Pastoral nº 278 ©Paulus 2011
Adaptação: 33catolico / Comunidade São Paulo Apóstolo


   

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